Se somente Deus é TUDO, então minha mãe é o MÁXIMO” 
Ela já sabia o que eu nunca saberia – que um dia iria nascer. Desde   lá virei refém da completa incapacidade de ser grato como deveria. Suas   dores embalaram meu sorriso, e suas lágrimas fortaleceram meu caráter.   Nunca fiz por merecer, e ela jamais fez pra se engrandecer – pois quem é   grande expressa no serviço sua verdadeira grandeza. De repente, vejo  em  meu umbigo o lembrete inapagável de que fomos ligados pra sempre. E   sinto na consciência o grito do dever – ainda não cumprido – de   homenagear aquela que ultrapassa qualquer palavra existente no mundo dos   mortais.
Ser mãe. Isto é unção divina compartilhando uma   fração do poder Criador com o ventre de uma criatura. É revesti-la de   força protetora superando limites inimagináveis. Elas superam o absurdo e   resistem ao insuportável. Suas contrações são prelúdios de outra vida   recebendo um amor capaz de sacrificá-la pra viver. Por tudo isso, a   maternidade é um portal projetando suas escolhidas às dimensões   impensáveis – é um oráculo sagrado cuja reverência de um beijo grato   vale mais que qualquer bajulação.
Sempre amei a minha mãe. Mas foi agora, virando pai, que me   surpreendi pra valer com meu papel de filho. Recebemos tudo pra   deixá-las, muitas vezes, sem nada. Arrancamos seu sono, lambuzamos suas   mãos, e das fraldas trocadas às canções de ninar crescemos sem dar  conta  do quanto pesamos sobre aquele colo de aço. Se não fossem estas   heroínas aquietando nossos pesadelos, esmoreceríamos perante inimigos   infalíveis como: o medo da solidão, a inaptidão pra alimentação e a   assombração dos Bichos Papões. Ah, se não fossem elas, nunca seriam eles   – muito menos eu.
Por isso, descolaram estas estrelas lá do Céu trazendo-as à Terra pra   nortear a humanidade. São elas: as super-mães desfilando de avental   como supremas divas. Tornarei ainda mais memorável: se somente Deus é TUDO, então minha mãe é o MÁXIMO.   Porque nada se sobrepõe ao que ela fez por mim. Além disso, agora como   pai-coruja, não existe boa ação minha capaz de equiparar ao exemplo  dado  por minha esposa pra minha filha. Fico estupefato fanatizando  estas  rainhas. E com estas duas mães pajeando minha vida torno-me o  filho e  marido mais feliz do mundo.
Que tal pensar em maneiras alternativas de valorizar aquelas que sempre merecerão mais?
Fale enquanto ela escuta. Mórbido ou não, coroas de  flores jamais serão vistas, nem percebidas  por quem foi honrado com  elas. Não procrastine aquilo que pode aliviar  seu peso de consciência  por “nunca ter falado a ela”. Diga enquanto pode  ser ouvido. Sua mãe  merece escutar um pouco daquilo que lhe disse  tanto. Não deixe pro ano  que vem, é tempo demais pra brincar com o  futuro.
Agradeça mais do que presenteie. Comprar um presente  caro depende do tamanho do bolso, dizer um sincero  “Muito Obrigado!”  quebra o orgulho próprio em mil pedaços. E é isso que  elas sonham  ouvir. Nunca vi mãe no mundo mais interessada no embrulho do  que no  abraço. O reconhecimento puro é muito mais precioso do que a  ostentação  sofisticada. Afinal, quem deu banho na gente não vai exigir  um banho  de loja (só se for segunda opção!)…
Perdoe – e ponto final. Não existe pessoa na Via Láctea que não mereça, no mínimo, um alento de perdão. Isso não significa viver juntos novamente ou esquecer tudo de repente, ou até mesmo fingir que nunca aconteceu.   Se você faz parte desta minoria cuja maternidade nunca foi lá seu   grande exemplo, pelo menos liberte-se da raiva e alce voo nas asas da   misericórdia. Seja nobre o bastante pra reconhecer os nove meses que lhe   suportaram e deixe a justiça nas mãos de Quem é infalível: Deus, não   você!
Fique atento em dar atenção. Eu sei que “ninguém faz  por mal ser desatento com quem a gente ama”. E  por isso mesmo é  preciso ligar o despertador da alma acionando a  consciência pra tirar o  piloto do automático! Mãe, se a gente não “força  lembrar” a gente  esquece – especialmente depois do Dia das Mães. Porque  é um amor tão  estável e acolhedor que, injustamente, só nos lembramos  quando estamos  no fundo do poço ou na poça de lágrimas do “tarde  demais”. Pra quê ser  assim? Force-se a inventar momentos ímpares, leve-a  pra passear, viaje  pra curtir, minimize suas manias e maximize sua  companhia. Você verá  que nesta amizade existe um amor ainda maior.
Ligue mais vezes – é simples mesmo! Por incrível que  pareça, a coisa mais fácil de fazer é a que menos  fazemos, né? Tenho  me policiado pra usar o telefone ligando pra ela mais  do que tenho  ligado pra pedir pizza. Tem filho que fica dizendo “vou  ligar!” e só  liga se for pra pedir dinheiro ou reclamar da nora dela.  Pára com isso!  Um telefonemazinho faz uma incrível diferença! Aproveite  enquanto dá –  enquanto ela ainda sabe apertar o botão certo pra lhe  atender. Tudo  passa, não se esqueça…
Lembrar ressuscita. Infelizmente, do lado de cá do  Céu, não podemos trazer de volta aqueles  cuja morte estraçalhou um  coração de saudade. No entanto, eu acredito  que relembrar as coisas  boas reascende dentro da gente o mais importante  de todos os  sentimentos depois do amor: a esperança.  Creia que um  dia tudo vai mudar – e se re-criar graças a Deus! O sono da  morte é  apenas uma momentânea pausa entre dois movimentos da mesma  sinfonia. E  este segundo trecho, que breve virá, será eternamente lindo,  perfeito e  familiar.
Finalmente, olhando a minha Suprema Diva, sou levado pra  longe com dois sentimentos: o do crédito e do débito.  Serei eternamente  devedor vendo o tempo implacável passar sobre aquela  que um dia me  pariu pra surgir na linha do tempo. Minha rainha-mãe  permanece  assustadoramente nobre, a despeito dos traços visíveis que só a   experiência pode coroar. Eu daria tudo pra tê-la jovem de outrora com   meus olhos adultos de agora. Por isso devo. Porque eu me fortalecia à   medida que ela se enfraquecia. Se hoje sou alguém é porque ela se   renunciou como ninguém. E agora, ao vê-la por debaixo de meus ombros,   sinto um aperto mudo da garganta ao coração percebendo o quanto ela deu   de si pensando unicamente em mim. Ah, se pudesse eu voltaria lá atrás…   Desceria no escorregador novamente aproveitando melhor seus braços lá   embaixo, pularia em sua cama imortalizando na memória a delícia de cada   gargalhada, e curtiria os singelos passeios em que me sentia seguro   olhando de baixo pra cima suas mãos me segurando. Mundo ilógico, não?   Quando valorizamos os amores complexos da vida por entre nossos dedos,   eles se esvaem restando-nos compensar em pouco tempo o muito de   gratidão.
E o crédito? É minha única carta-na-manga – mais pra uma rosa dentro do blaizer  junto ao peito: fazer deste Dia das Mães meu momento de todas as eras.   Pra dizer junto a seu ouvido, ou sentir junto à sua lembrança, o quanto  a  amo de maneira única e inexplicável. Pois, pra falar a verdade, mãe a   gente nunca vai entender em sua plenitude – apenas aceitar este  presente  do Céu e, no máximo, expressar:
Obrigado, mãe, você me fez existir!
Fonte: Novo Tempo
