Cresce a taxa de suicídios no mundo. A maior parte dos suicidas apresentam um transtorno mental, mas nem todo mundo com doença mental pensa em suicídio. Veja mais.
No Brasil ocorreram 8639 suicídios registrados em 2006. Isto dá uma media de 24 mortes por dia. Estamos no nono lugar no mundo nesta questão. É triste isto e em geral fica encoberto porque se noticiam mais as mortes por acidentes, homicídio, etc.
O Estado do Rio Grande do Sul é o que apresenta as mais altas taxas de morte por suicídio no país. A média estadual, em 2005, foi de 10 suicídios para cada 100 mil habitantes (17 em homens e 3 em mulheres). Entre a população indígena no Mato Grosso do Sul há elevado índice de suicídios também, com média de 8,6 (12,4 em homens e 4,7 em mulheres). Uma tristeza e uma vergonha. No Nordeste o Ceará é o Estado com maiores taxas de suicídio daquela região.
Tem aumentado os coeficientes de mortalidade por suicídio em nosso país, principalmente entre jovens e adultos jovens do sexo masculino. Nesse grupo (entre 15 e 29 anos de idade), o suicídio responde por 3% do total de mortes e se encontra entre as três principais causas de morte. Os números oficiais que temos certamente estão subestimados. Calcula-se que as tentativas de suicídio superem o número de suicídios em pelo menos dez vezes.
Há no Brasil um estudo realizado com apoio da Organização Mundial da Saúde, na área urbana do município de Campinas. Nesse estudo, a partir de listagens de domicílios feitas pelo IBGE, 515 pessoas foram sorteadas e entrevistadas face-a-face por pesquisadores da Unicamp. Verificou-se que, ao longo da vida, 17,1% das pessoas "pensaram seriamente em por fim à vida", 4.8% chegaram a elaborar um plano para tanto, e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio. De cada três pessoas que tentaram o suicídio, apenas uma foi, logo depois, atendida em um pronto-socorro. (Botega e cols., Rev. Bras. de Psiquiatria, 2005).
A assistência prestada a pessoas que tentaram o suicídio é uma estratégia fun- damental na prevenção do suicídio, pois essas constituem um grupo de maior risco para o suicídio. O risco de suicídio em pacientes que já tentaram o suicídio é, pelo menos, uma centena de vezes maior que o risco presente na população geral.
Não há uma causa única para o suicídio. Ele envolve fatores socioculturais, genéticos, psicodinâmicos (conflitos interiores), filosófico-existenciais e ambientais. A existência de uma enfermidade mental é um importante fator de risco para o suicídio. Uma revisão de 31 artigos científicos publicados entre 1959 e 2001, somando 15.629 suicídios na população geral, demonstrou que em mais de 90% dos casos caberia um diagnóstico de transtorno mental à época do ato fatal (Bertolote e Fleischmann, World Psychiatry, 2002). Neste estudo de 15.629 casos de suicídio, verificou-se que 3.2% não tinham diagnóstico; 10.6% tinham esquizofrenia; 11.6% tinham transtorno de personalidade; 22.4% tinham transtornos ligados ao uso de substâncias (dependência do álcool e de outras drogas psicoativas) e 35.8% apresentavam transtorno do humor (depressão, doença bipolar). A situação se agrava quando há combinações do doenças, como depressão e alcoolismo, ou depressão, ansiedade e agitação.
Mas isto não quer dizer que todo o suicídio relaciona-se a uma doença mental, e nem que todo mundo que sofre doença mental irá se suicidar. Mas é importante considerar que a presença de doença mental é um fator de risco para o suicídio.
Há uma grande complexidade na causa do suicídio (fator predisponente), e ela envolve mais coisas do que apenas um fato ocorrido recentemente (fator precipitante) como a demissão do emprego ou fim de um relacionamento amoroso. As condições sociais, por si só, também não explicam esta tragédia. Pessoas que se matam e que estavam vivendo uma destas condições sociais muito provavelmente apresentavam um transtorno mental subjacente, e isto aumentou a vulnerabilidade ao suicídio.
No fundo, o suicida não quer morrer. Ele não sabe é como continuar vivendo com aquilo que para ele é um beco sem saída. Mas sempre há uma saída. Não necessariamente para aquilo que a pessoa desejava, mas pelo menos para ela aprender a suportar a perda e a frustração, assim como aprender a lidar construtivamente com a raiva contra a realidade que ela joga contra si mesma, se agredindo mortalmente.
Este texto é baseado nas informações colhidas no site da Associação Brasileira de Psiquiatria http://abp.org.br/2011/comunidade/ (acesso em 03/Maio/2011).
Fonte: Portal Natural