sábado, 4 de setembro de 2010

Os adventistas e a política

Nem sempre é fácil determinar a fronteira entre assuntos sociais e políticos. Os pioneiros adventistas estiveram envolvidos em algumas questões sociais. No início, os adventistas estiveram interessados em combater o alcoolismo, a escravidão, a opressão da mulher e em programas que atendessem às necessidades educacionais de crianças e jovens.
O Dr. Beach, autoridade mundial em liberdade religiosa, escreveu: “Cristianismo não é uma religião de indivíduos isolados ou de pessoas voltadas somente para seu interior; é uma religião de comunidade. Os dons e virtudes cristãos têm implicações sociais. Compromisso com Jesus Cristo significa compromisso que gera responsabilidade pelo bem-estar de outras pessoas.”
Conheça alguns princípios que poderão ser úteis em período de eleições:
A IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA É NEUTRA EM RELAÇÃO A PARTIDOS POLÍTICOS
A Igreja Adventista do Sétimo Dia evita orientar seus membros em questões ligadas à política e não apoia qualquer partido político em particular. Alguns membros da igreja têm se envolvido em política, e isso é uma decisão pessoal. Devido à rivalidade que frequentemente existe entre partidos políticos, é preferível que os cristãos, que se candidatam a cargos públicos, sempre o façam de modo independente.
A IGREJA ADVEnTISTA DO SÉTIMO DIA NÃO É nEUTRA EM QUESTÕES MORAIS
Os valores cristãos devem ser partilhados, promovidos e protegidos. Quando um programa político está em oposição aos valores cristãos, como justiça, temperança, liberdade e separação entre igreja e estado, o cidadão adventista tem que acompanhar sua tarefa de acordo com suas crenças e consciência. Recusar votar não é uma forma eficaz de contribuir para uma sociedade melhor. Algumas leis e programas políticos podem ter resultados muito negativos.
Ellen G. White escreveu: “Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude?” (Obreiros Evangélicos, p. 387).
leia mais:
Entrevista: Professor de Teologia fala sobre a relação entre Igreja e Estado
John Graz
A IGREJA ADVEnTISTA DO SÉTImO DIA nÃO DITA COmO VOTAR
A decisão sobre como votar ou a quem apoiar é uma decisão individual. Isso deve ser feito de forma compenetrada, baseado naquilo que acreditamos ser o melhor para o país e para a continuação da proclamação do evangelho. A igreja não deve estar envolvida em campanha política. Nunca deveriam o púlpito ou encontros da igreja ser plataforma para campanhas políticas. Ellen G. White escreveu: “Queremos nós saber a melhor maneira de podermos agradar ao Salvador? Não é empenhando-nos em polêmicas políticas, seja no púlpito ou fora dele” (Testemunhos Para Ministros, p. 331).
O CRISTÃO APOIA A SEPARAÇÃO EnTRE IGREJA E ESTADO
Nenhum poder ou governo terrestre tem o direito de legislar em assuntos de religião, e nunca deveria a igreja usar sua influência ou seu poder para criar leis religiosas ou forçar outros a agirem de acordo com suas crenças ou práticas. Ellen G. White aponta a natureza satânica de forçar a consciência: “Toda perseguição, toda a força empregada para obrigar a consciência, provém de Satanás; e aqueles que se encarregam desses planos são seus agentes para executar seus propósitos diabólicos”. (Review and Herald, 10 de janeiro de 1893).
John Graz
Diretor do Departamento de Liberdade Religiosa da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Revista do Ancião jul-set 2010

Fonte: Novo Tempo

Cidadania cristã, antídoto à má política

Às vésperas de qualquer eleição, uma palavra que sempre vem à tona e está na boca da maioria dos candidatos a cargos é cidadania. O problema é que o conceito da palavra tem sido desvirtuado e até banalizado. Se recorrermos à história, veremos que, na Grécia antiga dos grandes filósofos, eram considerados cidadãos aqueles que estivessem em condições de opinar sobre os rumos da sociedade. Evidentemente, o conceito foi sendo enriquecido ao longo dos anos e recebeu importantes contribuições, também, dos pensadores romanos e principalmente após a Revolução Francesa e Independência dos Estados Unidos da América. Um aspecto, no entanto, está bem claro em todas estas linhas de pensamento. A cidadania pressupõe participação ativa e não apenas reativa ou passiva diante da sociedade em que se vive.

Quando trazemos isso para a vida prática, principalmente falando de eleições, um primeiro pensamento é o de que participar ativamente é somente ser candidato a algum dos cargos eletivos em disputa. Mas a cidadania não se resume ao envolvimento com questões partidárias; consiste em não se omitir diante da participação que pode alterar ou redefinir os rumos da vida ao próprio redor, seja na cidade, no estado ou no país. E esta cidadania tem base na Bíblia. Ou seja, cristãos devem saber que podem participar da sociedade ao seu redor e fazer a diferença.
Deus criou as pessoas e as colocou em um contexto social. Permitiu que se organizassem em grupos, núcleos, famílias e, por fim, cidades, estados nações e regiões continentais. E toda esta movimentação envolve leis, normas, regulamentos, diretrizes e liderança. Esta ideia está permeada em toda a Bíblia, especialmente perceptível na peregrinação do povo de Israel sob comando de Moisés e seus sucessores. A sociedade sem governo, sem direcionamento, sem uma “cabeça” de coordenação não fazia parte dos planos divinos. Bem verdade que nem sempre Israel possuiu um rei, mas havia líderes que, sob estrita orientação divina, conduziram o povo em relação aos aspectos civil, militar e religioso. Diante desta realidade e do que a Bíblia e escritos inspirados de Ellen White afirmam, o que podemos considerar que é ser um cidadão cristão?
Cristãos têm compromissos éticos e morais – Em Mateus 5:14, é dito que “vós sóis a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” (Almeida Edição Contemporânea). Honestidade, bondade e humildade no trabalho, nos estudos e na vida particular, motivados por amor a Deus, são fortes argumentos a favor da cidadania cristã. Se um cristão revelar, em seu estilo de vida, os princípios pregados por Jesus Cristo e sintetizados em trechos como o sermão do monte, dará uma relevante contribuição para uma sociedade melhor. O exemplo aliado ao discurso tem força. A ética cristã, se vista de forma pragmática, fala muito mais do que palavras. Se existem políticos corruptos que ocupam cargos importantes é porque grande parte das pessoas os escolheu. Os líderes refletem, muitas vezes, seus liderados e as respectivas escolhas feitas. Daniel e José, personagens bíblicos que não foram eleitos por voto, mas se tornaram influentes na atmosfera política do Egito e da Babilônia antigos, são boas referências. Trabalharam, a despeito das adversidades encontradas como o paganismo, a sensualidade barata e a ganância dos imperadores, com foco e se tornarem boas influências. Egito e Babilônia tiveram êxito no período em que os dois administradores cristãos estiveram à frente dos negócios reais. E, acima de tudo, suas realizações foram marcadas por uma decidida dependência de Deus, apego aos princípios e sem prejuízo ou ataque aos inimigos.
Cristãos devem votar em candidatos com princípios – Em obediência às leis, os cristãos, bem como as demais pessoas de outras crenças ou mesmo as que se consideram sem crenças, são obrigados a votar no Brasil. O respeito às autoridades constituídas é bíblico (Romanos 13: 1,2), desde que estas não se coloquem contra princípios de Deus. Isso, no entanto, não exime os cidadãos cristãos de votarem com consciência social e espiritual. Ellen White, escritora norte-americana e que os adventistas consideram inspirada divinamente, diz, no livro Fundamentos da Educação Cristã, à página 475, que o Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus”. A afirmação é forte e vai exatamente no sentido de não se basear as esperanças na política secular e nem nos partidos políticos, tampouco colocar as questões políticas e partidárias como prioridade de vida. E realmente neles não reside esperança para uma vida melhor, mas somente em Deus.
Por outro lado, a respeito do dever cidadão, Ellen White também deixou registrado no livro Obreiros Evangélicos, página 387, que “todo indivíduo exerce uma influência na sociedade. Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude?”. Em entrevista a uma revista, o Dr. John Graz, da Associação Internacional de Liberdade Religiosa, comenta este texto e diz que “os valores cristãos devem ser partilhados, promovidos e protegidos. Quando um programa político está em oposição aos valores cristãos, como justiça, temperança, liberdade e separação entre igreja e estado, o cidadão adventista tem que acompanhar sua tarefa de acordo com suas crenças e consciência. Recusar votar não é uma forma eficaz de contribuir para uma sociedade melhor. Algumas leis e programas políticos podem ter resultados muito negativos”.
Finalmente, os cristãos têm um importante papel a desempenhar neste mundo sob o ponto de vista de melhoria da sociedade na saúde, meio ambiente, segurança, educação, família e liberdades de expressão, culto, etc. São áreas em que os políticos profissionais cansam de prometer melhorias, mas que se percebe pouco avanço. Com exemplo prático de vida, voto consciente (não vendido ou cedido por interesses mesquinhos e pessoais) e envolvimento em causas humanitárias, os cristãos podem ajudar a diminuir o sofrimento deste mundo. Evidentemente, para quem lê a Bíblia com mais profundidade, sabe que o destino final deste planeta está na volta de Jesus Cristo e não no êxito dos governos deste século. Claro é o texto do apóstolo Paulo, na carta ao jovem pastor Tito, no capítulo 2 e versículos 11 a 13. Ali está escrito que “pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para que vivamos neste presente século sóbria, justa e piedosamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Almeida Edição Contemporânea).
Felipe Lemos, jornalista www.felipelemos.com

Fonte: Novo Tempo

O Dever da Cidadania

Estamos vivendo o clima de mais uma eleição em nosso País. Nessas ocasiões, invariavelmente surgem entre o povo Adventista, muitos questionamentos com respeito à posição da Igreja diante das discussões políticas.
Alguns cristãos pensam que a Igreja não possui função política a desempenhar e que os membros não devem se envolver com política.
Outros, tem um ponto de vista exatamente oposto. Crêem que a responsabilidade de cada cristão é influenciar a política com vistas a construir um mundo melhor. Crêem também que ao deixarem de agir estão apoiando os erros e permitindo que a injustiça governe o mundo.
Outros cristãos ainda, uma minoria, crêem que a missão da Igreja é edificar a cidade de Deus aqui na terra.
Hoje pretendemos, com fundamento na Bíblia e no Espírito de Profecia, trazer alguns subsídios para que cada um, possa com segurança cumprir o nosso dever, não apenas como cristãos, mas também como cidadãos.
I – EXERCÍCIO DE UM DEVER DE CIDADÃO
Todos nós brasileiros temos o privilégio de exercer o direito de cidadania através do voto. Cidadania é a capacidade política que tem o indivíduo para influir na formação do governo, seja na forma ativa, pelo exercício do voto, seja na condição passiva, como exercente de funções eletivas.
Sempre é oportuno recordar que nesta congregação, certamente existiram muitos que foram privados de exercer plenamente esse direito por mais de vinte anos, quando vigeu o regime militar. Muito mais do que um direito é um dever cívico . Não nos é reservado como cristãos apenas lastimar os desmandos da administração pública. Podemos e devemos dar nossa parcela de contribuição para eleger governantes que tenham boas qualidades e um mínimo de valores morais para administrar a coisa pública.
Neste sentido, Arthur L. White, publicou em 14 de agosto de 1952, do acervo de Publicações esparsas de Ellen White, o seguinte posicionamento:
“É privilégio de cada indivíduo exercer o direito do voto. Ninguém tem autoridade para negar-lhe este privilégio. A Igreja Adventista do Sétimo Dia não procura ditar a seus membros como eles devem votar, ou se devem votar. Isto é deixado a critério de cada um agir dentro de seu próprio julgamento no temor de Deus”.
“Embora o membro individual da Igreja tenha o direito, se assim ele quiser, de votar, a Igreja em si deve manter-se inteiramente fora da política. Uma coisa é os membros individuais da Igreja votarem, outra coisa é estes mesmos indivíduos em suas capacidades (cargos) da Igreja, procurarem influenciar medidas políticas”.
II – FATOS HISTÓRICOS
Em 1859, nossos pioneiros, em Battle Creek, ao se defrontarem com determinados problemas locais em época de eleições, procuraram encontrar um caminho quando preocupados com suas responsabilidades como cidadãos de uma comunidade. O Pastor Tiago White e o irmão J. N. Andrews, segundo registro feito no diário de Ellen G. White em 1859, “consideraram melhor, pôr sua influência a favor do direito e contra o erro.” Acharam que deviam votar a favor dos melhores homens que se candidataram a cargos oficiais na cidade, “em vez de, por seu silêncio, correrem o risco de virem os intemperantes ocuparem os postos .” (Ver Temperança , 255)
Quanto aos problemas nacionais que afetavam nosso povo nos dias dos pioneiros, eles concluíram que deveriam votar em candidatos que fortalecessem a causa da temperança e da liberdade religiosa.
O livro História do Adventismo, pág. 149 relata que em 1861, os dirigentes de Battle Creek recomendaram que as várias congregações se organizassem sob o nome “Adventistas do Sétimo Dia”. E, em outubro daquele mesmo ano foram dados os passos iniciais para a formação da Associação de Michigam.
Em 1865, a Associação Geral, consta nos registros de sua Terceira Sessão, a questão do dever dos Adventistas do Sétimo Dia, votarem. Sob o título “Votação”, encontramos o seguinte:
“Resolvido: Que em nossa concepção, a ação de votar quando exercida em favor da justiça, humanidade e daquilo que é certo, é em si inatacável, e pode ser em algumas ocasiões altamente próprio; mas que a apresentação de qualquer voto que fortaleça a causa de crimes tais como intemperança, insurreição e escravidão, é considerada por nós como altamente criminosa à vistas dos céus. Mas nós reprovamos qualquer participação no espírito de controvérsia entre partidos.” (Relatório da Terceira Sessão Anual da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, publicado na Review and Herald, 23 de maio de 1865).
III – COMO ESCOLHER OS MELHORES CANDIDATOS
1- Escolha entre os melhores candidatos. Verifique: é temperante?
“Quantos desmerecem sua prerrogativa como cidadãos de uma república, comprados por um copo de uísque para dar seu voto a algum candidato infame. Como classe, os intemperantes não hesitarão em usar de engano, suborno, e mesmo violência contra os que recusam ilimitada licença ao apetite pervertido.” (Review and Herald, 08/11/1881) Temperança, 254
2- Utilizar bem a prerrogativa de cidadão. Escolha aqueles que fortalecerão a causa da liberdade religiosa.
“Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado espúrio, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a Lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.” (FEC, 475 § 2)
Note que em muitos capítulos de diversos livros do Espírito de Profecia há advertências contra as corporações sindicais:
Os sindicatos e confederações do mundo são uma armadilha. Conservai-vos fora, e longe deles, irmãos. Nada tenhais a ver com eles. Por causa desses sindicatos e confederações, logo será muito difícil nossas instituições levarem avante seu trabalho nas cidades.
Essas uniões [sindicatos] são um dos sinais dos últimos dias. Os homens estão se unindo em feixes prontos a ser queimados. Podem eles ser membros da igreja, mas enquanto pertencerem a essas uniões, possivelmente não poderão observar os mandamentos de Deus, pois pertencer a essas uniões significa desrespeitar todo o Decálogo.
Os sindicatos serão um dos instrumentos que trarão sobre a Terra um tempo de angústia tal como nunca houve desde o princípio do mundo. Vida no Campo, pág. 16.
3- Há uma insistência muito acentuada nos hábitos de temperança.
“Homens intemperantes não devem, por voto do povo, ser colocados em posições de confiança.” (Signs of the Times, 08 de julho de 1880)
4- Votar no homem por suas qualidades morais, o respeito à família e preparo para o exercício do cargo e não pelo partido a que pertence.
“Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos, pois não sabemos em quem votamos.” (OE, 391)
5- Discrição. Escolher o melhor sem divulgar em quem votou. Manter o voto em segredo.
“Sejam quais forem as opiniões que tenhais em relação a dar o vosso voto em questões políticas, não as deveis proclamar pela pena ou pela voz.” (II ME, 336 § 1)
6- Ninguém tem o direito de induzir a outro a votar neste ou naquele candidato. Cada um é livre para votar em quem achar melhor.
“Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo para fazer como fazeis”.  (Carta 4, 1898 – II ME, 337)
Os exemplos mais notórios que encontramos na Bíblia são os de José e Daniel (Gên. 41:40, Dan. 6:02). Deus providenciou para que chegassem a ocupar altos postos na administração de grandes impérios. José chegou a ser o segundo homem no Egito e Daniel foi um dos três presidentes que supervisionavam os cento e vinte sátrapas que administravam o império de Dario. Foi primeiro ministro, “fiel estadista nas cortes de Babilônia” ( FEC , 205). Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Dan. 3:12), provavelmente foram governadores ou no mínimo secretários de estado da Província de Babilônia.
IV – CONCLUSÃO
Tendo em vista os pré-requisitos assinalados pelo Espírito de Profecia, temos diante de nós pelo menos duas situações inusitadas que trazemos à reflexão:
1) Não raro a Igreja tem necessitado que algum exercente de mandato público, interfira em favor dela na solução de vários problemas. Sem contar as questões mais conhecidas como as que se referem a guarda do sábado, aqueles que tem necessitado relacionar-se com os órgãos públicos sabem quanto embaraço e quanta burocracia existe. Poderíamos citar alguns exemplos:
a) Uma simples inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social;
b) Consecução de espaço público – estádio, auditório, ginásio de esportes, etc;
c) Colaboração com um “campore” de Desbravadores;
d) Consecução de uma verba para custear um projeto de Assistência Social;
e) Doação de um terreno;
f) Liberação de alguma obra de construção que por arbitrariedade da fiscalização tenha sido embargada;
g) Na tramitação de papéis para expedição de alvarás de construção, demolição ou certidões as mais diversas;
h) O reconhecimento de imunidade do IPTU para templos, escolas e casas pastorais;
i) Intercessão em prol de um aluno ou trabalhador que está com problemas com o sábado;
Enfim, as situações são as mais diversas e seria exaustivo enumerá-las todas. Mas, a ironia é que a Igreja tem, constantemente necessitado buscar a intercessão de homens alheios e até apáticos aos princípios Adventistas. Algumas vezes, esses homens são evangélicos, mas não é a regra.
2) A segunda situação inusitada é que a Igreja tem, constantemente, se utilizado da intercessão de homens de influência no relacionamento com o Poder Público. É uma necessidade comum no contexto brasileiro. Mas, ironicamente, se surge um candidato que é Adventista ou que freqüenta a Igreja, ainda que ele conserve os princípios cristãos e preencha boa parcela das qualidades enfocadas pelo Espírito de Profecia, quais sejam: valorização da temperança, de elevados princípios morais, do cultivo dos bons costumes, do respeito à família, a defesa da liberdade religiosa, etc, ele é rejeitado.
Repetidas vezes, o que lamentavelmente se verifica é que os membros preferem desperdiçar seu voto em candidatos destituídos de valores morais edificantes, do que votar naqueles que convivem na Igreja. Por causa disso tem acontecido decepções freqüentes, pois determinados políticos, demonstram interesse e procuram a Igreja somente em época de eleições. Depois de eleitos, passam a desdenhar e perseguir a Igreja ou os guardadores do sábado, ainda que de forma indireta.
Sejamos mais criteriosos. Já que no Brasil o voto é obrigatório, busquemos conhecer o perfil dos candidatos em quem pretendemos votar.
Verifiquemos se eles possuem um mínimo que seja, das qualidades apontadas pelo Espírito de Profecia e cumpramos nosso dever, pedindo a orientação Divina para tanto.
Para concluir, relembramos as palavras da Sra White em Obreiros Evangélicos, de que não podemos ser omissos e mesmo assim achar que estamos cumprindo a vontade de Deus:
Todo indivíduo exerce uma influência na sociedade. Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude? OE, 387
“Falamos dos resultados, trememos pelos resultados, e cogitamos que podemos fazer com os terríveis resultados, ao passo que, com freqüência, toleramos e mesmo sancionamos a causa. Os defensores da temperança deixam de cumprir seu inteiro dever a menos que exerçam sua influência por preceito e exemplo – pela voz,  pela pena e pelo voto – em favor da proibição e da abstinência total” . OE,388
“O povo de Deus não deve votar, para colocar tais homens em cargos oficiais, pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos ”. OE, 392
Nosso desejo é que todos tenhamos discernimento claro e sejamos instruídos por Deus ao exercermos tão alto privilégio que influenciará os destinos, não somente da nação brasileira, mas contribuirá para a conclusão da pregação do evangelho e o breve retorno de Nosso Senhor Jesus em glória e majestade.
Alcides Coimbra
Advogado

Fonte: Novo Tempo

Nossa Atitude Quanto à Política – EGW

Os textos abaixo foram extraídos dos livros Obreiros Evangélicos, Testemunhos para Ministros, Fundamentos da Fé Cristã e Obreiros Evangélicos Aos Mestres e Diretores de Nossas Escolas
“Apartai-vos”
Advertência Contra Envolvimentos Políticos
Deixar a Política de Lado
Porque o Amor Esfria
O Caminho Seguro
Fogo Estranho
Conselhos Sobre Votar
Os Pioneiros Chegam a Importante Decisão
Acerca da Política

OBREIROS EVANGELICOS 84

Nossa Atitude Quanto à Política

Pág. 391

Aos Mestres e Diretores de Nossas Escolas:

Aqueles a cujo cargo se acham nossas instituições e escolas, devem-se acautelar diligentemente, não seja que, por suas palavras e sentimentos, levem os alunos por caminhos falsos. Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam o espírito dos outros, levando cada um a defender suas idéias favoritas. Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de maneira que se introduzirá na igreja a divisão.
O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado falso, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.
Não devemos transigir com os princípios, para ceder às opiniões e preconceitos que talvez animássemos antes de nos unir com o povo observador dos mandamentos de Deus. Temo-nos alistado no exército do Senhor, e não nos cabe combater do lado do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido, em sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.
Que devemos então fazer? – Deixai os assuntos políticos em paz. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” II Cor. 6:14 e 15. Que pode haver de comum entre esses partidos? Não pode haver sociedade, nem comunhão.
A palavra “sociedade” importa em participação, parceria. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? – Nenhuma, absolutamente. A luz representa a justiça; as trevas, a injustiça. Os cristãos saíram das trevas para a luz.
Pág. 393
Eles se revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e obediência. São regidos pelos princípios elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida. …
Os mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política, devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, pastor ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo. …

“Apartai-vos”

Rogo aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um engano de vossa parte o ligar vossos interesses com qualquer partido político, dar o vosso voto com eles ou por eles. Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. Deus pede-lhes que permaneça como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação.
É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? – Não, não. Eles têm de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira em que se acha inscrito: “Os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apoc. 14:12. Têm de ter a responsabilidade de uma obra especial, de uma especial mensagem. Temos uma responsabilidade individual, e isso tem de ser revelado em presença do universo celeste, dos anjos e dos homens. Deus não nos pede que ampliemos nossa influência misturando-nos com a sociedade, ligando-nos com os homens em questões políticas, mas ficando como partes individuais de Seu grande todo, tendo Cristo como nossa cabeça. Cristo é nosso Príncipe, e, como súditos Seus, cumpre-nos realizar a obra que nos foi designada por Deus. …
Talvez se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A palavra do Senhor tem de ser nosso guia. Qualquer ligação com os infiéis e incrédulos, que nos viesse identificar com eles, é proibida pela Palavra. Temos de sair do meio deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a eles em seus planos de trabalho. Mas não devemos viver isoladamente. Cumpre-nos fazer aos mundanos todo o bem que nos seja possível.
Cristo nos deu um exemplo disto. Quando convidado a comer com publicanos e pecadores, não Se recusava; pois de nenhum outro modo, senão misturando-Se com eles, poderia chegar a essa classe. Mas, em toda ocasião… puxava temas de conversação que lhes apresentavam ao espírito os interesses eternos. E Ele nos ordena: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus.” Mat. 5:16.
Quanto à questão da temperança, assumi, sem vacilação, vossa atitude. Sede firmes como a rocha. Não participeis dos pecados dos outros. …
Há uma grande vinha a ser cultivada; mas, conquanto os cristãos tenham de trabalhar entre os incrédulos, não se devem parecer com os mundanos. Não devem gastar seu tempo a falar de política e agir em favor dela; pois assim fazendo, dão oportunidade ao inimigo de penetrar e causar desinteligências e discórdias. Aqueles, dentre os pastores, que desejam ser políticos, devem perder suas credenciais; pois essa obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo.
Deus pede a todos quantos atuam em palavra e doutrina, que dêem à trombeta um sonido certo. Todos quantos receberam a Cristo, pastores e membros leigos, devem levantar-se e resplandecer; pois grandes perigos se acham iminentes sobre nós. Satanás está agitando os poderes da Terra. Tudo neste mundo se acha em confusão. Deus pede a Seu povo que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a mensagem do terceiro anjo. …
Os filhos de Deus têm de se separar da política, de toda associação com os incrédulos. Não devem ligar seus interesses aos do mundo. “Provai vossa aliança comigo”, diz Ele, “permanecendo como Minha herança escolhida, como um povo zeloso de boas obras.” Não tomeis parte em lutas políticas. Separai-vos do mundo, refreai-vos quanto a introduzir na igreja ou escola idéias que hão de levar a contendas e perturbações. As dissensões são o veneno moral introduzido no organismo pelos seres humanos egoístas. Deus quer que Seus servos tenham clara percepção, verdadeira e nobre dignidade, para que sua influência manifeste o poder da verdade.
A vida cristã não deve ser vivida a esmo ou depender de emoções. A verdadeira influência cristã, exercida para a realização da obra designada por Deus, é um precioso instrumento, e não se deve unir com política, ou ligar em associação com incrédulos. Deus tem de ser o centro de atração. Toda mente em que o Espírito Santo opera, satisfar-se-á com Ele.
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“Nenhum de nós vive para si.” Rom. 14:7. Lembrem os que são tentados a tomar parte na política, que todo passo que eles dão tem sua influência sobre outros. Quando pastores, ou outros que ocupem posição de responsabilidade, fazem observações a respeito desses assuntos, não podem recolher os pensamentos que plantaram em outros espíritos. Sob as tentações de Satanás, puseram em operação uma corrente de circunstâncias conducentes a resultados que eles mal sonham. Um ato, uma palavra, um pensamento atirado à mente do grande ajuntamento humano, caso leve a sanção celestial, dará uma colheita de preciosos frutos; mas, se é inspirado por Satanás, fará brotar a raiz de amargura com que muitos serão contaminados. Portanto, os mordomos da graça de Deus, em todo ramo de serviço, estejam alerta quanto a não misturar o comum com o sagrado.
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Por mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas; mas recusava-Se a interferir em assuntos temporais. … Ele ocupava no mundo o lugar de Cabeça do grande reino espiritual para cujo estabelecimento aqui viera – o reino da justiça. Seus ensinos tornaram claros os princípios enobrecedores, santificadores que regem Seu reino. Mostrou que a justiça, misericórdia e amor são as forças dominantes no reino de Jeová. Testimonies, vol. 9, pág. 218.
TESTEMUNHOS PARA MINISTROS E OBREIROS EVANGÉLICOS 47
OBS: Essa comunicação, dirigida à assembléia da Associação Geral de 1897 e escrita em dezembro de 1896, referia-se às propostas da campanha presidencial de William Jennings Bryan, o qual estava agitando certas medidas monetárias que ele e seus partidários julgavam ser muito promissoras. Alguns adventistas do sétimo dia envolveram-se nessas questões. Nos seus conselhos, a Sra. White salientou reiteradas vezes que nossa obra era proclamar a terceira mensagem angélica e que os adventistas do sétimo dia, como povo separado e peculiar, não deviam envolver-se em questões políticas.

Advertência Contra Envolvimentos Políticos

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26 de dezembro de 1896
À Associação Geral de 1897:
Tenho palavras a dizer aos nossos irmãos que se reunirão em assembléia em 1897. A presente controvérsia financeira tem-me sido apresentada como sendo uma das obras-primas de Satanás para estes últimos dias. Há um poder que vem de baixo, que é segundo a atuação do grande inimigo. Supus que nosso próprio povo subiria mansamente e se moveria com muita cautela e se conservaria afastado dessas novas questões com relação à moeda circulante. Isto não é de origem divina – a mudança da moeda circulante. Em que resultará isso? – Ocasionará um estado de coisas que trará opressão ao pobre e causará grande angústia. Este é um dos planos do diabo, e pensei que os que criam na verdade não seriam enganados no mínimo em tal questão. Mas no ano de 1896 foram-me apresentadas questões que me tem feito tremer por nosso povo. Tenho estado em lugares em que ouvi conversas dos que estavam em posição de confiança em nossas instituições, e havia grande calor na controvérsia quanto às diferentes posições assumidas. A luz que me foi dada era: Este é o plano que Satanás arranjou para trazer infelicidade.
Queremos nós saber a melhor maneira de podermos agradar ao Salvador? Não é empenhando-nos em polêmicas políticas, seja no púlpito ou fora dele. É considerando com temor e tremor toda a palavra que proferimos. No lugar em que o povo se reúne para adorar a Deus não seja pronunciada nenhuma palavra que desvie a mente do grande interesse central – Jesus Cristo, e Este crucificado. Deve a mensagem do terceiro anjo ser o peso de nossa advertência. Com as questões colaterais, não nos devemos intrometer. O peso da obra é: Pregar a Palavra. Há os que têm tido experiência em pregar e trabalhar pela salvação das almas por quem Cristo deu Sua preciosa vida. Essa obra é o empreendimento especial que deve absorver todo aquele que alimenta o rebanho de Deus. Agora é um tempo em que se ouvirão vozes: Ouvi. “Este é o caminho; andai nele.” Isa. 30:21. Mas o Senhor Jesus diz: “Segue-Me. Aqueles que Me seguem não andarão em trevas.” Nosso trabalho pessoal deve ser a salvação de almas, do qual coisa alguma deve ser tão importante que nos desvie a mente. Cristo veio ao nosso mundo para salvar almas, para difundir a luz entre as trevas morais. Ouve-se uma voz viva: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.” João 14:6.

Deixar a Política de Lado

Surpreendi-me ao ver homens que pretendem crer na verdade para este tempo, todos entusiasmados com algumas questões – questões que se relacionavam com o Senhor Jesus e os interesses eternos? Não; mas pareciam estar maravilhosamente empolgados quanto ao dinheiro. Alguns pastores se distinguiam por entremear estes assuntos em seus discursos. Estavam entusiasticamente se envolvendo, tomando partidos quanto as estas questões, sobre as quais os Senhor não lhes deu a responsabilidade de nelas se empenhar. Pareciam estas pessoas ter uma grande soma de presunção. Mas eles mesmos não sabiam realmente o que estavam advogando. Não sabiam se estavam defendendo princípios que se originavam nos conselhos do Céu, ou nos conselhos de Satanás.
A voz de Alguém que tinha autoridade falou com grande decisão: Vós não sabeis de que espécie de espírito sois. Lede as orientações dadas pelo Filho Unigênito de Deus quando estava encoberto na coluna de nuvens. Quando essa voz for obedecida, não usareis vossa voz ou influência em qualquer política para enriquecer a alguns, para trazer opressão e sofrimento à classe mais pobre da humanidade. Há nessa agitação justamente o que separa os que são da mesma fé. Traz isso as credenciais divinas? Acautelai-vos. Cuidai de que vosso braço não esteja ligado ao de um demônio pessoal. Tem ele a aparência de um homem. Anda ao redor bramando como leão, buscando a quem possa devorar, e os acha entre os adventistas do sétimo dia. Pode ele aterrorizar pelo seu rugido; mas, quando melhor convém aos seus propósitos, tem a doce voz de um anjo de luz, e fala de coisas celestiais. Não sabia ele tudo acerca da glória celeste?
Indaguei porque os que podiam ler a Bíblia e ver os perigos destes últimos dias eram tão prontos a apanhar com precipitação questões que melhor seria tivessem deixado de parte. Como podem eles ligar-se a homens que promovem princípios que se originaram nos concílios de demônios? Por que não vêem eles não ser esta a obra que o Senhor lhes ordena fazer? Veio a resposta: Porque seu coração se entregou à vaidade. Estão enganados. Não sabem quão fracos são. Muitos há que serão iludidos, e que, tanto pela pena como pela voz, exercerão toda a sua influência para criar um mau estado de coisas (estado de coisas que existirá justamente da mesma forma seja o que for que possam fazer); mas não deviam eles estar unidos aos obreiros do mal. Todos os que almejam alguma ocupação que represente Jeú correndo furiosamente, terão suficiente oportunidade para se distinguir. Seu braço estará ligado com o daquele que uma vez foi um anjo exaltado, e que não esqueceu suas maneiras nas cortes celestiais. Essas maneiras assumirá ele; e ao representar pessoas, engodará muitos cuja vida não está oculta com Cristo em Deus.

Porque o Amor Esfria

Por se multiplicar a iniqüidade, esfria o amor de muitos. Por que deveria seu amor esfriar? Por não terem humilhado o coração e fugido para o seu refúgio, Jesus Cristo. Pensavam saber tanto que se tornaram néscios, e se permitiram ficar depravados. Assim muitas almas se perderão. O príncipe das potestades do ar, apresentará planos e idéias mundanos e estranhos sentimentos e princípios diretamente opostos à lei de Deus. Aqui devemos reservar toda a nossa influência para levantar bem alto a verdade. Sentimentos trazidos para a frente por políticos, serão repetidos por alguns que se dizem observadores do sábado. Que anjos os assistem no púlpito ao se levantarem para dar ao rebanho veneno em vez de trigo puro, bem joeirado? Eis a atuação de agentes satânicos para trazerem confusão, para fascinar o espírito tanto de adultos como de jovens. Os que têm andado humildemente diante de Deus, não se absorverão em advogar tanto um como o outro lado desta questão. Colocar-se-ão sob a Sua proteção, e revelarão estar aprendendo lições do grande Mestre, que disse: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Mat. 11:28.
Toda essa agitação e inquietação está pondo a mente de maneira que não se demorará na verdade. Supondes que o mundo, a carne e o diabo seriam capazes de prender essas almas contritas e abatidas de espírito e cegar-lhes o entendimento de modo que não possam dizer que espécie de companheiros estão escolhendo? Se os olhos de muitos pudessem ser abertos, em sua marcha insensata, veriam eles uma poderosa procissão de pessoas de todas
as classes, espécies e nações, passando pelas mesmas fileiras, classificando-se como companheiros de demônios, avançando rapidamente numa procissão sempre crescente, para a ruína certa.
Que direi eu? A fé de muitos, inclusive a dos que pregam a Palavra, deve ser algo diferente do que é agora, do contrário o seu futuro destino eterno estará decidido. A Palavra de Deus cuidadosamente estudada e obedecida é a única força que tornará o homem puro, e puro o conservará. Só isso os poderá salvar de se entreterem com todas as iniqüidades prevalecentes. Devem os cristãos ter o selo do Rei dos reis. Todos neste mundo estão tomando uma posição. Não devemos tomar parte nesta luta financeira política. E ela tem penetrado em nossas fileiras.
Mesmo entre os adventistas do sétimo dia, há aqueles que estão sob a reprovação da Palavra de Deus, devido à maneira em que adquiriram sua propriedade e a usam, agindo como se fossem seus donos e a houvessem criado, sem olhar à glória de Deus, e sem uma oração fervorosa para dirigi-los em sua aquisição ou uso. Estão pegando numa serpente, que os picará como uma víbora.

O Caminho Seguro

Do povo de Deus diz Ele: “E será consagrado ao Senhor o seu comércio e a sua ganância de prostituta; não se entesourará, nem se fechará.” Isa. 23:18. Mas muitos que professam crer na verdade, não querem ter mais a Deus em seus pensamentos do que o quiseram os antediluvianos ou sodomitas. Um sensato pensamento de Deus, despertado pelo Espírito Santo, estragaria todos os seus planos. O eu, o eu, o eu, tem sido o seu deus, seu alfa e seu ômega.
Os cristãos só estão seguros ao adquirir dinheiro sob a orientação de Deus, e usá-lo em canais que Deus possa abençoar.
Deus nos permite usar Seus bens somente para Sua glória, para nos abençoar, a fim de que possamos abençoar aos outros. Os que têm adotado a máxima do mundo, e banido do espírito as especificações de Deus, que pegam tudo que podem obter de salários ou bens, são pobres, verdadeiramente pobres, porque sobre eles recai o desagrado de Deus. Andam em caminhos que eles mesmos escolheram e desonram a Deus, a verdade, Sua bondade, a Sua misericórdia e Seu caráter.
Agora no tempo da prova, estamos todos sob provas e provações. Satanás está realizando com seus enganadores encantamentos e subornos, e alguns pensarão que devido a seus planos têm feito maravilhosa especulação. Mas eis que, ao pensarem que se estavam levantando com segurança, e se estarem conduzindo altivamente no egoísmo, descobriram que Deus pode espalhar mais depressa do que eles podem ajuntar.
“Vi o ímpio com grande poder espalhar-se como a árvore verde na terra natal. Mas passou e já não é; procurei-o, mas não se pôde encontrar.” Sal. 37:35 e 36. Aquele que vê o fim desde o princípio, da confusão tira ordem, faz todas as coisas bem. Veremos outro lado do quadro: “Nota o homem sincero e considera o que é reto, porque o futuro desse homem será de paz.” Sal. 37:37. A Palavra de Deus oferece todo o preparo para a vida eterna. Nossa fé deve ser uma fé que atua por amor, e purifica a alma, não desdenha da fé e prática. Cremos na Palavra de Deus? São todos os que professam a verdade fiéis e verdadeiros, firmes nos princípios? Estamos fazendo trabalho missionário no Espírito de Cristo?
Há homens que ficam nos púlpitos como pastores, professando alimentar o rebanho, enquanto as ovelhas estão morrendo por falta do pão da vida. Há longos e arrastados discursos grandemente compostos de narrativas de anedotas; mas o coração dos ouvintes não é tocado. Pode ser que os sentimentos de alguns sejam tocados, podem derramar algumas lágrimas, mas seu coração não foi quebrantado. O Senhor Jesus tem estado presente ao apresentarem o que se chamava sermão, mas suas palavras eram destituídas do orvalho e chuva do Céu. Davam evidências de que os ungidos descritos por Zacarias (ver capítulo quatro) não lhes haviam ministrado para que pudessem ministrar aos outros. Quando os ungidos se esvaziam pelos canudos de ouro, o dourado óleo flui deles para os vasos de ouro, para escorrer para as lâmpadas, as igrejas. É esta a obra de todo o fiel e dedicado servo do Deus vivo. O Senhor Deus do Céu não pode aprovar muito do que é trazido ao púlpito pelos que professam estar falando a Palavra do Senhor. Não inculcam idéias que sejam uma bênção para os que o ouvem. Alimento barato, muito barato é colocado diante do povo.

Fogo Estranho

Quando o orador, de maneira descuidada se intromete em qualquer parte, tomado pela fantasia, quando fala de política ao povo, está misturando fogo comum com o sagrado. Ele desonra a Deus. Não tem verdadeira evidência de Deus de que esteja falando a verdade. Comete para com seus ouvintes um grave mal. Pode plantar sementes que poderão lançar bem fundo suas fibrosas raízes, e elas brotam dando um fruto venenoso. Como ousam os homens fazer isso? Como ousam adiantar idéias quando não sabem com certeza de onde vieram, ou se são a verdade?
MENSAGENS ESCOLHIDSA VOLUME II 39

Conselhos Sobre Votar

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Nossa obra é vigiar, esperar e orar. Examinai as Escrituras. Cristo vos advertiu a não vos misturardes com o mundo. Devemos sair dentre eles e separar-nos “e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso”. II Cor. 6:17 e 18. Sejam quais forem as opiniões que tenhais em relação a dar o vosso voto em questões políticas, não as deveis proclamar pela pena ou pela voz. Nosso povo deve silenciar acerca de questões que não têm relação com a terceira mensagem angélica. Se já um povo se deveu aproximar de Deus, esse é o povo Adventista do Sétimo Dia. Têm sido feitos admiráveis projetos e planos. Tem-se apoderado de homens e mulheres um ardente desejo de proclamar alguma coisa, ou ligar-se com alguma coisa; eles não sabem o quê. O silêncio de Cristo sobre muitos assuntos, porém, era verdadeira eloqüência. …
Irmãos, não vos lembrais de que a nenhum de vós foi imposta pelo Senhor qualquer responsabilidade de publicar suas preferências políticas em nossas publicações, ou de sobre elas falar na congregação, quando o povo se reúne para ouvir a Palavra do Senhor. …
Não devemos, como um povo, envolver-nos em questões políticas. Todos fariam bem em dar ouvidos à Palavra de Deus: Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos em luta política, nem vos vinculeis a eles em suas ligações. Não há terreno seguro em que possam estar e trabalhar juntos. O fiel e o infiel não têm terreno neutro em que possam encontrar-se.
Aquele que transgride um dos preceitos dos mandamentos de Deus é transgressor de toda a lei. Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo para fazer como fazeis. Carta 4, 1898.

Os Pioneiros Chegam a Importante Decisão

OBS: Uma página do diário de Ellen G. White em 1859.
Assisti à reunião à noitinha. Tivemos uma reunião espontânea, interessante. Depois do tempo de terminar, foi considerada a questão de votar, demorando-nos sobre ela. Primeiro, falou Tiago, depois o irmão [J. N.] Andrews, e foi por eles julgado melhor pôr sua influência a favor do direito e contra o erro. Eles acham que é direito votar em favor dos homens defensores da temperança governarem em nossa cidade, em vez de, por seu silêncio, correr o risco de serem eleitos homens intemperantes. O irmão [Davi] Hewitt conta sua experiência de alguns dias atrás e está certo de ser direito dar seu voto. O irmão [Josias] Hart fala bem. O irmão [Henrique] Lyon se opõe. Nenhum outro é contrário ao votar, mas o irmão [J. P.] Kellogg começa a julgar que é direito. Os sentimentos são cordiais entre todos os irmãos. Oh! que todos eles procedam no temor de Deus.
Os homens da intemperança estiveram hoje no escritório, exprimindo de modo lisonjeiro sua aprovação à atitude dos observadores do sábado não votando, e exprimiram esperanças de que eles fiquem firmes nessa atitude e, como os quáqueres, não dêem seu voto. Satanás e seus anjos estão atarefados por esta altura, e ele tem obreiros na Terra. Que ele fique decepcionado é a minha oração. E. G. White em seu diário de domingo, 6 de março de 1859.
Acerca de Política
Aos Mestres e Diretores de Nossas Escolas:
Aqueles a cujo cargo se acham nossas instituições e escolas, devem acautelar-se diligentemente, não seja que, por suas palavras e sentimentos, levem os alunos por caminhos falsos. Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam o espírito dos outros, levando cada um a defender suas idéias favoritas. Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de maneira que se introduzirá na igreja a divisão.
O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.
Não devemos transigir com os princípios, para ceder às opiniões e preconceitos que talvez animássemos antes de nos unir com o povo de Deus, observador dos mandamentos.
Temo-nos alistado no exército do Senhor, e não nos cabe combater do lado do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido, em sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são verdadeiramente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.
Que devemos então fazer? – Deixai os assuntos políticos em paz. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” II Cor. 6:14 e 15. Que pode haver de comum entre esses partidos? Não pode haver sociedade, nem comunhão. A palavra “sociedade” importa em participação, parceria. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? – Nenhuma, absolutamente. A luz representa a justiça; as trevas, o erro, o pecado, a injustiça. Os cristãos saíram das trevas para a luz. Eles se revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e obediência. São regidos pelos princípios elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida. O mundo, porém, é regido por princípios de desonestidade e injustiça.
“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” II Cor. 4:1-6. São apresentados aqui dois partidos, e é revelado que não pode haver união entre eles.
Os mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política, devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, pastor ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo.
Em nome do Senhor, desejo dizer aos professores de nossas escolas: Aplicai-vos à obra que vos foi designada. Não sois convidados por Deus para vos empenhardes na política. “Vós todos sois irmãos”, (Mat. 23:8) declara Cristo, “e, como uma só pessoa, deveis colocar-vos sob o estandarte do Príncipe Emanuel.” “Que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti senão que temas o Senhor, teu Deus, e que andes em todos os Seus caminhos, e O ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os Seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem? … Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor teu Deus temerás; a Ele servirás, a Ele te chegarás, e pelo Seu nome jurarás. Ele é o teu louvor, e o teu Deus.” Deut. 10:12, 13, 17-21.
O Senhor tem concedido grande luz e privilégios a Seu povo. “Vede aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos”, diz Ele; “Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão todos estes estatutos e dirão: Só este grande povo é gente sábia e inteligente. Porque, que gente há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o chamamos? E que gente há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós? Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.” Deut. 4:5-9.
Como um povo, devemos colocar-nos sob o estandarte de Jesus Cristo. Devemos consagrar-nos a Deus como um povo distinto, separado e peculiar. Ele fala a nós, dizendo: “Inclinai os ouvidos e vinde a Mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi.” Isa. 55:3. “Com justiça serás confirmada e estarás longe da opressão, porque já não temerás; e também do espanto, porque não chegará a ti. Eis que poderão vir a juntar-se, mas não será por Mim; quem se ajuntar contra ti, cairá por amor de ti. … Toda ferramenta preparada contra ti não prosperará; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor e a sua justiça que vem de Mim, diz o Senhor.” Isa. 54:14,15 e 17.
Rogo aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um engano de vossa parte o ligar vossos interesses com qualquer partido político, dar o vosso voto com eles ou por eles. Os que ocupam o lugar de educadores, de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. O Senhor pede-lhes que permaneçam como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação. É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? – Não, não! Eles têm de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira em que se acha inscrito: “Os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apoc. 14:12. Têm de ter a responsabilidade de uma obra especial, de uma especial mensagem. Temos uma responsabilidade individual, e isso tem de ser revelado em presença do Universo celeste, dos anjos e dos homens. Deus não nos pede que ampliemos nossa influência misturando-nos com a sociedade, ligando-nos com os homens em questões políticas, mas ficando como partes individuais de Seu grande todo, tendo Cristo como nossa cabeça. Cristo é nosso Príncipe, e, como súditos Seus, cumpre-nos realizar a obra que nos foi designada por Deus.
É de suma importância que os jovens compreendam que o povo de Cristo deve ser unido; pois esta unidade prende os homens a Deus pelos áureos laços do amor, e impõe a cada um a obrigação de trabalhar pelos semelhantes. O Capitão de nossa salvação morreu pela humanidade para que os homens pudessem estar unidos com Ele e uns com os outros. Como membros da família humana, somos partes individuais de um grande todo. Ninguém pode tornar-se independente dos outros. Não deve haver disputas partidárias na família de Deus, pois o bem-estar de cada um é a felicidade de todos. Não deve ser construída nenhuma parede separatória entre o homem e seu próximo. Cristo, como o grande centro, precisa unir a todos em um só.
Cristo é nosso Mestre, nosso Dirigente, nossa Força, nossa Justiça; e nEle nos comprometemos a evitar todo modo de ação que cause divisão. As questões em debate no mundo não devem ser o tema de nossas conversações. Devemos convidar o mundo a contemplar um crucificado Salvador, por cujo intermédio nos tornamos necessários uns aos outros e a Deus. Cristo ensina Seus súditos a imitar Suas virtudes, Sua mansidão e humildade, Sua bondade, paciência e amor.
Consagra, portanto, o coração e as mãos a Seu serviço, tornando o homem um conduto pelo qual o amor de Deus possa fluir em copiosas correntes para abençoar a outros. Não haja, pois, nenhuma sombra de contenda entre os adventistas do sétimo dia. O Salvador convida toda alma, dizendo: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve.” Mat. 11:28-30. Aquele que mais se aproxima da perfeição da divina benevolência de Cristo causa alegria entre os anjos celestiais. O Pai Se regozija a seu respeito com cânticos; pois, acaso, não está trabalhando no espírito do Mestre, sendo um com Cristo assim como Ele é um com o Pai?
Em nossos periódicos não devemos exaltar a obra e o caráter de homens em posições de influência, mantendo constantemente seres humanos diante das pessoas. Mas podeis exaltar a Cristo nosso Salvador tanto quanto quiserdes. “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória,[de caráter em caráter] na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” II Cor. 3:18. Os que amam e servem a Deus devem ser a luz do mundo, brilhando entre as trevas morais. Mas nos lugares que receberam a maior luz, onde o evangelho mais tem sido pregado, as pessoas – pais, mães e filhos – têm sido instigadas por um poder de baixo a unir seus interesses a projetos e empreendimentos mundanos.
Há grande cegueira nas igrejas, e o Senhor diz a Seu povo: “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso.” II Cor. 6:16-18.
A condição para ser admitido na família do Senhor é sair do mundo, separando-se de todas as suas influências contaminadoras. O povo de Deus não deve ter ligação alguma com a idolatria em qualquer de suas formas. Eles devem atingir uma norma mais elevada. Devemos separar-nos do mundo, e então Deus declara: “Eu vos receberei como membros de Minha família real, filhos do celeste Rei.” Como crentes na verdade devemos ser diferentes, na prática, do pecado e dos pecadores. Nossa cidadania está no Céu.
Devemos compreender com mais clareza o valor das promessas que Deus nos fez e apreciar mais profundamente a honra que nos foi dada por Ele. Deus não poderia conceder aos mortais mais elevada honra do que adotá-los em Sua família, dando-lhes o privilégio de chamá-Lo Pai. Não há degradação em nos tornarmos filhos de Deus. “O Meu povo saberá o Meu nome”, declara o Senhor; “por esta causa, naquele dia, porque Eu mesmo sou o que digo: Eis-Me aqui.” Isa. 52:6. O Senhor Deus onipotente reina. “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! Eis a voz dos teus atalaias! Eles alçam a voz, juntamente exultam, porque olho a olho verão, quando o Senhor voltar a Sião.” Isa. 52:7 e 8.
Por que se dá tanta atenção a instrumentos humanos, ao passo que há tão pouco esforço mental em direção ao Deus eterno? Por que os que pretendem ser filhos do Rei celestial se acham tão absorvidos nas coisas deste mundo? Que o Senhor seja exaltado! Que a Palavra do Senhor seja engrandecida! Sejam os seres humanos colocados em posição inferior, e que o Senhor seja exaltado! Lembrai-vos de que reinos, nações, reis, estadistas, conselheiros e grandes exércitos terrestres, e toda a magnificência e glória mundanas, são como o pó da balança. Deus tem a fazer um ajuste de contas com todas as nações. Todo reino tem que ser abatido. A autoridadem humana deve tornar-se como nada. Cristo é o Rei do mundo, e Seu reino deve ser exaltado.
O Senhor deseja que todos os portadores da mensagem para estes últimos dias compreendam que há grande diferença entre os que professam a religião, mas não são praticantes da Palavra, e os filhos de Deus, que são santificados pela verdade e têm aquela fé que atua pelo amor e purifica a alma. O Senhor refere-Se aos que pretendem crer na verdade para este tempo, os quais não discernem, porém, qualquer incoerência em tomarem parte na política, misturando-se com as pessoas violentas destes últimos dias, como os circuncisos que se misturam com os incircuncisos, e declara que destruirá ambas as classes juntamente, sem distinção. Estão fazendo uma obra que não lhes mandou fazer. Desonram a Deus por seu espírito faccioso e por suas contendas, e Ele condenará de igual maneira a ambas as classes.
Talvez se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A Palavra do Senhor tem de ser nosso guia. Qualquer ligação com os infiéis e incrédulos, que nos viesse identificar com eles, é proibida pela Palavra. Temos de sair do meio deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a eles em seus planos de trabalho. Mas não devemos viver isoladamente. Cumpre-nos fazer aos mundanos todo o bem que nos seja possível. Cristo nos deu um exemplo disto. Quando convidado a comer com publicanos e pecadores, não Se recusava; pois de nenhum outro modo, senão misturando-Se com eles, poderia chegar a essa classe. Mas, em toda ocasião lhes dava talentos de palavras e influência. Puxava temas de conversação que lhes apresentavam ao espírito os interesses eternos. E esse Mestre nos ordena: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus.” Mat. 5:16. Quanto à questão da temperança, assumi, sem vacilação, vossa atitude. Sede firmes como a rocha. Não participeis dos pecados dos outros. Atos de desonestidade em transações comerciais, com crentes ou descrentes, devem ser condenados; e se eles não dão prova de reforma, retirai-vos do meio deles, separai-vos.
Há uma grande vinha a ser cultivada; mas, conquanto os cristãos tenham de trabalhar entre os incrédulos, não se devem parecer com os mundanos. Não devem gastar seu tempo a falar de política e agir em favor dela; pois assim fazendo, dão oportunidade ao inimigo de penetrar e causar desinteligências e discórdias. Aqueles, dentre os pastores, que desejam ser políticos, devem perder suas credenciais; pois essa obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo. Deus pede a todos quantos ministram em palavra e doutrina, que dêem à trombeta um sonido certo. Todos quantos receberam a Cristo, pastores e membros leigos, devem levantar-se e resplandecer; pois grandes perigos se acham iminentes sobre nós. Satanás está agitando os poderes da Terra. Tudo neste mundo se acha em confusão. Deus pede a Seu povo que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a mensagem do terceiro anjo. Não devemos ir a Cristo por intermédio de algum ser humano, mas por meio de Cristo devemos compreender a obra que Ele nos deu a fazer pelos outros.
Deus apela para Seu povo, dizendo: “Saí do meio deles, e apartai-vos.” II Cor. 6:17. Ele pede que o amor que tem manifestado por eles seja retribuído e evidenciado por meio de voluntária obediência a Seus mandamentos. Os filhos de Deus têm de separar-se da política, de toda união com os incrédulos. Não devem ligar seus interesses aos do mundo. “Provai vossa aliança comigo”, diz Ele, “permanecendo como Minha herança escolhida, como um povo zeloso de boas obras.” Não tomeis parte em lutas políticas. Separai-vos do mundo, e refreai-vos quanto a introduzir na igreja ou na escola idéias que hão de levar a contendas e perturbações. As dissensões são o veneno moral introduzido no organismo pelos seres humanos egoístas. Deus quer que Seus servos tenham clara percepção, verdadeira e nobre dignidade, para que sua influência manifeste o poder da verdade. A vida cristã não deve ser vivida a esmo ou depender de emoções. A verdadeira influência cristã, exercida para a realização da obra designada por Deus, é um precioso instrumento, e não se deve unir com política, ou ligar em união com incrédulos. Deus tem de ser o centro de atração. Toda mente em que o Espírito Santo opera, satisfar-se-á com Ele.
Deus pede que os professores de nossas escolas não fiquem interessados no estudo de questões políticas. Introduzi o conhecimento de Deus em nossas escolas. Vossa atenção pode ser atraída para sábios homens mundanos, que não são suficientemente sábios para compreender o que as Escrituras dizem no tocante às leis do reino de Deus; volvei-vos, porém, deles para Aquele que é a Fonte de toda a sabedoria. Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça. Fazei disto o primeiro e o último. Buscai com grande diligência conhecer Aquele ao qual conhecer devidamente é vida eterna. Cristo e Sua justiça é a salvação da alma. Ensinai às criancinhas o que significa obediência e submissão. Em nossas escolas, a ciência, a literatura, a pintura e a música, e tudo o que a cultura do mundo pode proporcionar, não devem ocupar o primeiro lugar. Seja dado o primeiro lugar ao conhecimento dAquele em quem se centraliza a nossa vida eterna. Implantai no coração dos alunos aquilo que adornará o caráter e habilitará a alma, mediante a santificação do Espírito, a aprender lições do maior Mestre que o mundo já conheceu. Assim os alunos serão habilitados para serem herdeiros do reino de Deus. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, Pág. 475

Fonte: Novo Tempo

Os adventistas e a política

Notícias sobre crises políticas e corrupções governamentais acabam polarizando a opinião pública dos países afetados. É curioso ver, de um lado, políticos questionáveis se fazendo de vítimas para continuar recebendo o apoio popular e, do outro lado, oposicionistas que aproveitando a situação para se autoproclamarem os únicos salvadores da pátria. A o mesmo tempo em que vários políticos tradicionais vão perdendo a credibilidade, algumas denominações evangélicas tem-se mobilizado politicamente, a ponte de montarem sua próprias bancadas em câmaras de vereadores, nas assembléias legislativas na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado Federal, sob o pretexto de que os políticos evangélicos são mais honestos e confiáveis.
A crescente militância política evangélica tem suscitado algumas indagações importantes entre os próprios adventistas:
1ª) Deveriam os adventistas continuar politicamen­te passivos ou assumir uma postu­ra mais agressiva diante das crises governamentais?
2ª)Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia encara a candidatura de alguns de seus membros a cargos políticos através de eleições públicas?
3ª) Que critérios devem ser usados na escolha dos candidatos em quem votar?
No capítulo “Nossa Atitude Quanto à Política” do livro Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educa­ção Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o não envolvi­mento de obreiros denominacio­nais em questões políticas. Já o pre­sente artigo menciona alguns con­ceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candi­datos e eleitores políticos.
Organização apolítica
Exis­tem pelo menos três princípios fundamentais que regem a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a política. Um deles é o prin­cípio da separação entre Igreja e Estado, levando cada uma dessas entidades a cumprir suas respecti­vas funções sem interferir nos ne­gócios da outra. A Igreja crê que só poderá preservar esse princípio por meio de uma postura denomi­nacional apolítica, não se posicio­nando nem a favor e nem contra quaisquer regimes ou partidos po­líticos. Essa postura deve caracteri­zar, não apenas a organização ad­ventista em todos os seus níveis, mas também todas as instituições por ela mantidas, todas as congre­gações adventistas locais, bem como todos os obreiros assalaria­dos pela organização.
A Igreja encontra nos ensinos de Cristo e dos apóstolos base sufi­ciente para evitar qualquer mili­tância política institucional. O cris­tianismo apostólico cumpria sua missão evangélica sob as estruturas opressoras do Império Romano sem se voltar contra elas. O pró­prio Cristo afirmou que o Seu rei­no “não é deste mundo” e que, por conseguinte, os Seus “ministros” não empunham bandeiras políti­cas (João 18:36). Qualquer com­promisso político ou partidário por parte da denominação dificultaria a pregação do “evangelho eterno” a todos os seres humanos indistinta­mente (Mat. 24:14; Apoc. 14:6).
Outro princípio fundamental é que o nível de justiça social de um país é diretamente proporcional ao nível de justiça individual de cada um dos seus cidadãos, e que esta justiça individual, por sua vez, deri­va do interior da própria pessoa. Reconhecendo as dimensões so­ciais do pecado, a Igreja apóia e mesmo participa de projetos so­ciais e educacionais que benefi­ciam a vida comunitária sem con­flitarem com os princípios bíblicos. Muitos desses projetos são levados a efeito em nome da ADRA – Agên­cia de Desenvolvimento e Recur­sos Assistenciais. No entanto, a Igreja não participa de quaisquer greves e passeatas de índole políti­ca e partidária que acabariam com prometendo sua postura apolítica.
A validade de uma perspectiva que parta do interior para o exte­rior do ser humano é destacada por Cristo ao afirmar que “de dentro, do coração dos homens, é que proce­dem os maus desígnios, a prostitui­ção, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mar. 7:21, 22). Conseqüentemente, a solução cabal para esses problemas não está na mera formulação de novas leis ou no ativismo revolucionário, e sim, na conversão interior do ser humano. Nas palavras de Cristo, “limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fi­que limpo!” Mat. 23:26.
Um terceiro princípio funda­mental é que cada cristão adventista possui uma dupla cidadania ele é, acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüente­mente, deve exercer sua cidadania terrestre com base nos princípios cristãos de respeito ao próximo. Mesmo desaprovando situações de injustiça e exploração social, a Igreja Adventista do Sétimo Dia procura se relacionar respeitosamente com o governo civil e os partidos políticos de cada país em que exerce suas ati­vidades, sem com isso comprometer os princípios bíblicos.
Que o cristianismo não isenta os cristãos dos seus deveres civis é evidente na ordem de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mar. 12: 17. O Novo Testamento apresenta várias orien­tações a respeito do dever cristão de honrar os governos civis como instituídos por Deus (ver Rom. 13:1-7; Tito 3:1 e 2; I Pedro 2:13­17). Somente quando tais governos obrigam seus súditos a transgredi­rem as leis divinas é que o cristão deve assumir a postura de que “an­tes, importa obedecer a Deus do que aos homens”: Atos 5:29.
Candidatos adventistas
En­tre os direitos do cristão adventista no exercício de sua cidadania, está o de ocupar cargos políticos. O An­tigo Testamento menciona vários membros do povo de Deus que exerceram funções de grande pro­jeção no governo de importantes nações pagãs da época. Por exem­plo, José foi por muitos anos pri­meiro-ministro do Egito, a mais importante nação da época (Gên. 41:38-45). Colocado por Deus so­bre o trono daquele país (Gên. 45:7, 8), José se manteve “puro e imacu­lado na corte do rei”; e foi “um re­presentante de Cristo” aos egípcios (Medicina e Salvação, pág. 36; Pa­triarcas e Profetas, págs. 368-369). Daniel exerceu importantes cargos governamentais em Babilônia sob o reinado de Nabucodonosor, Bel­sazar, Dario e Ciro (Dan. 2:48, 49; 5:11, 12,29; 6:1-3, 28; 8:27). Com um apego incondicional aos prin­cípios divinos, Daniel e seus com­panheiros foram embaixadores do verdadeiro Deus na corte desses reis (ver Dan. caps. 1, 3 e 6).
A postura de José e Daniel nas cortes pagãs do Egito e de Babilônia, respectivamente, corrobora o fato de que é possível ser cristão sob governos não comprometidos com a religião bíblica. Mas o apri­sionamento de José (Gên. 39:7-23), o teste alimentar de Daniel e seus três companheiros (Dan. 1), a pas­sagem desses três companheiros na fornalha de fogo (Dan. 3) e a expe­riência de Daniel na cova dos leões (Dan. 6) comprovam que há um preço elevado a ser pago por aque­les que ocupam cargos públicos em ambientes hostis à verdadeira reli­gião. O exemplo do rei Salomão deixa claro que boas intenções ini­ciais (II Crôn. 1:1-13) podem ser corrompidas pela influência de ambientes vulgares (I Reis 11:1-15). Já a atitude do rei Ezequias para com a embaixada de Babilônia comprova que governantes temen­tes a Deus correm o risco de se or­gulharem de suas próprias conse­cuções (II Reis 20:12-19).
É interessante notarmos que José e Daniel foram nomeados para suas funções públicas pelos pró­prios monarcas da época. Mas hoje, na maioria das democracias modernas, as pessoas precisam se candidatar e concorrer a tais fun­ções em um processo bem mais competitivo. O fato de existirem políticos corruptos não significa que todo político seja corrupto. Embora a Igreja Adventista do Sé­timo Dia, normalmente, não enco­raje e nem desestimule a candida­tura política dos seus membros, ela também reconhece que a socieda­de contemporânea tem sido bene­ficiada pelo bom exemplo de al­guns políticos adventistas que con­correm honestamente a determi­nados cargos públicos e os exercem dignamente, sem comprometerem com isso os princípios bíblicos. A influência positiva de políticos ad­ventistas tem sido decisiva, em vá­rios países, para o estabelecimento de legislações que facilitem a ob­servância do sábado.
A Igreja espera que os adventis­tas que se candidatam a cargos po­líticos elegíveis sejam honestos em sua campanha e, se eleitos, tam­bém no exercício de suas funções políticas. Cada candidato deve conduzir o seu processo eleitoral-­político (1) sem assumir posturas ideológicas e partidárias contrárias aos princípios cristãos; (2) sem se valer de recursos financeiros ina­propriados; (3) sem prometer o que não possa cumprir; (4) sem de­negrir a reputação de outros candi­datos igualmente honestos; (5) sem se envolver com coligações não condizentes com a fé cristã-adven­tista; (6) sem jamais comprometer a observância do sábado em suas campanhas; e (7) sem minimizar seu compromisso pessoal com o estilo de vida adventista em coque­téis e confraternizações sociais.
Conheço igrejas locais que en­frentaram sérias desavenças inter­nas pelo fato de alguns dos seus membros se candidatarem a verea­dores por partidos rivais. É certo que os membros da igreja têm o di­reito, como cidadãos, de se candi­datarem e concorrerem a cargos elegíveis, bem como de procura­rem convencer outros a neles vota­rem. Mas nenhuma programação oficial de qualquer congregação ad­ventista deve ser usada como plata­forma política que comprometa a postura apolítica da denominação . Candidatos adventistas que usam eventualmente o púlpito devem pregar o evangelho, sem jamais fa­lar sobre política. Deus poderá abençoar ricamente os candidatos que exercerem honestamente sua cidadania, respeitando a posição apolítica da igreja e de seus obrei­ros, e promoverem a cordialidade e a unidade de nossas congregações.
Eleitores adventistas
Os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia devem reconhecer ser seu dever individual escolher cons­cientemente em quem votar. O princípio básico é sempre votar em candidatos cuja ideologia, crenças, estilo de vida e propostas políticas estejam mais próximos dos princí­pios adventistas . Entre os princí­pios mais importantes estão: (1) liber­dade religiosa, (2) separação entre Igreja e Estado, (3) observância do sá­bado, (4) conduta moral, (5) temperança cristã, (6) apoio ao sistema educacio­nal privado mantido pela Igreja, e a (6) tentativa de melhorar a qualidade de vida das classes moral e econo­micamente desfavorecidas. A posi­ção da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre algumas dessas questões é enunciada no livro Declarações da Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2003).
Ellen White adverte contra votar em candidatos sem compromisso com a liberdade religiosa: “Não po­demos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabe­mos em quem votamos. Não pode­mos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua in­fluência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medi­das opressivas para levar ou com­pelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os ho­mens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos ofi­ciais; pois assim fazendo, são parti­cipantes nos pecados que eles co­metem enquanto investidos desses cargos:’ – Fundamentos da Educa­ção Cristã, pág. 475.
Um dos maiores problemas na escolha de candidatos é a teoria de que “os fins justificam os meios”: Se determinado candidato, mesmo sem compromisso com os princí­pios acima mencionados, promete beneficiar financeira ou politica­mente a Igreja, alguns líderes jul­gam pertinente apoiar tal candida­to em troca desses favores. Mas esse tipo de barganha política ja­mais deveria ser tolerado nos meios adventistas. Acima de quais­quer benefícios coletivos ou indivi­duais, deve estar o compromisso com os princípios adventistas.
Outro aspecto de especial inte­resse para os eleitores adventistas é a votação ou não em candidatos adventistas. Alguns crêem equi­vocadamente que, votando em candidatos adventistas, estariam ao mesmo tempo promovendo a liberdade religiosa e postergando os eventos finais. Mas é dever de todo o cristão-adventista exercer sua influência em favor da liberda­de religiosa (Mensagens Escolhi­das, vol. 2, pág. 375; Testemunhos para Ministros, págs. 200-203), contribuir positivamente para a fi­nalização da pregação do evange­lho (Mat. 24:14; 28:18-20), e dei­xar os eventos finais por conta de Deus (Atos 1:6-8).
Como membros do corpo de Cristo (I Cor. 12:12-31), deveríamos acabar com a falsa teoria de que “adventista não deve votar em adventista”: Essa teoria só é aplicá­vel a candidatos que não vivem uma vida condizente com os prin­cípios adventistas ou cuja candida­tura visa apenas a obter benefícios pessoais, sem uma proposta políti­ca adequada. Mas, por outro lado, se os candidatos adventistas são os que mais próximo se encontram dos princípios que sustentamos e se eles possuem boa proposta polí­tica, então, não existe qualquer jus­tificativa plausível para se descar­tar tais candidatos simplesmente por serem adventistas.
Deveria ser considerada tam­bém a questão das eleições no sá­bado em países onde a votação é obrigatória. Este assunto foi trata­do por Mário Veloso em seu artigo “Os adventistas e a eleição no sába­do”; Revista Adventista (Brasil), ju­lho de 1986, págs. 19-20. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia não discipline os membros que, por iniciativa pessoal, votem du­rante as horas do sábado, a reco­mendação é que isso seja evitado. O referido artigo foi escrito como um apelo aos políticos brasileiros para que houvesse um “prolonga­mento das horas para o exercício do voto, de tal maneira que os ad­ventistas possam votar depois do pór-do-sol do sábado”: A declara­ção de que Ellen White votaria até mesmo “no sábado” diz respeito à causa da temperança, ou seja, à lei seca de proibição da venda de bebi­das alcoólicas, em Des Moines, Iowa, em 1881 (ver Arthur L. Whi­te, Ellen G. White, vol. 3, págs. 158-­161). Mas essa declaração não pro­vê qualquer endosso a votação po­lítica em dia de sábado.
Conclusão
A Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre manteve uma posição oficial apolítica de não se posicionar a favor ou contra qualquer regime ou partido políti­co. Essa posição é mantida em to­dos os níveis organizacionais e ins­titucionais da denominação, inclu­sive em suas congregações locais. Os obreiros assalariados pela de­nominação devem manter a mes­ma postura. Conseqüentemente, nenhum púlpito adventista e ne­nhuma reunião promovida oficial­mente pela denominação jamais deveria desfraldar qualquer ban­deira política. Ele é um lugar onde o evangelho eterno deve ser pro­clamado com o propósito de con­duzir à salvação em Cristo pessoas de todas as etnias e de todos os partidos políticos, sem preferên­cias e discriminações.
Por contraste, a Igreja faculta aos seus membros o direito indivi­dual de exercer sua cidadania, in­clusive a de se candidatar a cargos políticos e de exercê-los dignamen­te. Tanto no processo eleitoral como no exercício da função, espe­ra-se que cada adventista engajado em tais atividades mantenha uma postura digna de verdadeiro cris­tão adventista. Todos os políticos adventistas deveriam considerar a José e Daniel como seus modelos políticos. Deveriam sentir ser seu dever zelar pessoal e publicamente pela liberdade religiosa e pelos princípios cristãos em um mundo carente dos valores absolutos da verdadeira religião bíblica.
Todos os membros da igreja de­veriam votar conscientemente nos candidatos que melhor refletem os ideais adventistas. A escolha dos candidatos não deveria ser tanto por partido político, mas pela ideologia e os valores pessoais de cada um. Candidatos adventistas não deveriam ser discriminados simplesmente por serem adventis­tas, exceto se não demonstram uma conduta digna ou não pos­suam um plano de governo ade­quado. O voto de cada adventista deveria ser um testemunho autên­tico a favor da liberdade religiosa que facilite o cumprimento da missão adventista nestes dias finais da história humana.
Pr. Alberto Ronald Timm, Ph.D, é professor de Teologia Histórica do Unasp Campus Engenheiro Coelho e diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White.

Fonte: Novo Tempo