Em visita à capital do Rio Grande do Norte, li certa vez os dizeres: “Aqui é Natal o ano inteiro” Com a chegada do fim do ano, nossos pensamentos se voltam para a data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo. À parte a discussão sobre o dia desse acontecimento, que certamente não foi em 25 de dezembro, resta lembrar que ele representou uma das três ocasiões mais significativas para a história deste mundo, sendo as outras duas a criação e a volta de Jesus.
Ao lembrar essa data, vem à mente o espírito do Natal, representado biblicamente por dois acontecimentos exemplares. O primeiro é a dádiva de Deus de Seu próprio Filho, o maior presente oferecido na história universal, concedido à humanidade caída. O segundo é a oferta dos dois grupos humanos que visitaram o recém-nascido Jesus em Belém: “Ao entrarem na casa, [os magos] viram o menino com Maria, Sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram. Então, abriram os seus tesouros e Lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11) * Pastores também deixaram seus labores no campo a fim de homenageá-Lo (Lc 2:15,16).
Esse espírito toma conta da cristandade nas festas de fim de ano. A maior evidência da graça de Deus nos leva também a presentear. De modo geral, esse impulso de generosidade é dirigido primariamente aos familiares e amigos mais próximos. Trocamos presentes em nossas comemorações natalinas familiares, o que, em si, não está errado.
Como em todas as boas coisas, a ganância humana logo percebeu que poderia lucrar com a bondade gerada por esse espírito. E haja promoções natalinas em todas as áreas do comércio. Haja propagandas com temas natalinos em harpas paraguaias. Papais-noéis, árvores de natal enfeitadas com neve de isopor, luzes piscantes made in China, tudo para arrancar dos incautos um pouco mais de dinheiro com a “festa máxima da cristandade”.
Para ficar no tema da predominância do egoísmo, destacam-se ainda os excessos nas comemorações, em que o abuso do álcool e a glutonaria tiram do ser humano todo resquício do espírito de louvor e adoração que deveria predominar na celebração da maior dádiva oferecida por Deus à humanidade.
Esses desvios levam muitos a detestar o Natal, como algo desumano e pagão (e muitas vezes as celebrações não passam desse nível). Mas o cristão sincero não precisa fugir do que é bom por causa dos excessos incentivados pelo mal. O verdadeiro espírito de Natal pode fazer maravilhas.
O conselho de Jesus a respeito dos jantares pode ser aplicado perfeitamente ao oferecimento de presentes: “Quando você der um banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes, nem seus vizinhos ricos; se o fizer, eles poderão também, por sua vez, convidá-lo, e assim você será recompensado. Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos” (Lc 14:13).
Em suas celebrações natalinas, lembre-se dos despossuídos, dos solitários, dos enfermos. Convide aquele colportor-estudante ou outros jovens que estão longe de casa ou cuja família não pertence à mesma fé. Convide aquele divorciado ou aquela viúva que não tem com quem cear. Lembre-se de oferecer de presente algo útil àquela pessoa necessitada de sua igreja ou àquele vizinho desempregado. E não pense em doar apenas coisas materiais. Doe também seu tempo, seu carinho, atenção, ouvidos para ouvir e compreender.
Envolva-se no Mutirão de Natal. Participe das promoções natalinas de sua igreja. Mas lembre-se de que as necessidades não se esgotam no dia 26 de dezembro. “Os pobres”, disse Jesus, “vocês sempre terão consigo” (Jo 12:8). As necessidades materiais e espirituais se estendem aos outros 364 dias do ano. Transforme a vida numa eterna doação aos outros. Adote como estilo de vida o espírito do Natal. Nesse sentido, é Natal o ano inteiro. Viva o Natal!
Lícius Lindquist
www.revistaadventista.com.br
Dez/2009
Fonte: Novo Tempo
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