domingo, 9 de janeiro de 2011

Perfeccionismo histórico

Muitos que acreditam estar mantendo firme o adventismo histórico podem estar, na realidade, mantendo teimosamente o que chamo de “perfeccionismo histórico”. O perfeccionista dificilmente reconhecerá que é perfeccionista. Afinal, ele se vê como um fiel em meio a uma igreja em franca apostasia. Ele se considera um “irmão preocupado” que deseja purificar a igreja com suas “críticas construtivas”. Essa heresia satânica tem acompanhado de perto a Igreja Adventista, desde a sua origem profética. Podemos identificar três momentos, no passado da igreja, em que essa heresia tentou se infiltrar no arraial adventista:
1. Logo após o desapontamento de 1844. Nesse período inicial e determinante para a Igreja Adventista, Satanás, como sempre, estava a postos. Ellen White fala sobre esse período em que se “levantou o fanatismo em várias formas” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 34). O pior (“um elemento ainda pior”) desses grupos de fanáticos acreditava na santificação total do ser, “uma classe que pretendia estarem santificados, que não podiam pecar, que estavam selados e santos” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 27). Essa situação já guarda certa semelhança com os perfeccionistas atuais. Mas continuemos a rever o passado.
2. Na virada do século 19. Elder Jones passou a defender a completa transformação do homem vil na imagem de Jesus Cristo (Review and Herald, 9 de julho de 1889). Ele cria ser possível neutralizar totalmente sua natureza pecaminosa e atingir um estado de completa santificação. Ellen White o advertiu sobre sua mente desequilibrada e o repreendeu quanto ao uso que ele fazia das Escrituras, bem como dos escritos dela, e deixou claro que as ideias de Jones eram extremadas (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 177-179). Em cada fase, a heresia vai ficando mais parecida com a atual em todos os aspectos, até mesmo quanto ao uso da Bíblia e do Espírito de Profecia.
3. Nas décadas de 1950 e 1960. Robert Brinsmead e seus seguidores defendiam as ideias perfeccionistas modificadas, mais semelhantes à heresia atual. Outros teólogos adventistas se uniram em torno dessa heresia, e temos a versão atual.
Em cada fase se vê a heresia antiga com nova roupagem para enganar o maior número possível de pessoas. Em todas essas fases, a heresia se apresenta com algumas variações. Muda-se o corte de cabelo, mas o cabelo e o cabeleireiro são sempre os mesmos. Como essa heresia é antiga, alguns chegam a acreditar que hoje estamos sustentando um nova teologia. Não temos uma nova teologia; a heresia é que é antiga. Pelágio (século 5º) que me confirme.
Sábias mesmo são as palavras de Ellen White: “Em anos seguintes, foi-me mostrado que as falsas teorias insinuadas no passado, de maneira alguma surgiram em vão. Em havendo oportunidades favoráveis, elas reaparecerão. Não nos esqueçamos de que tudo que puder ser abalado, sê-lo-á” (Vida e Ensinos, p. 79-82).
As heresias do passado passam por uma “repaginada” e aparecem novamente. Nas palavras de Ellen White, que repito para dar ênfase, “de maneira alguma surgiram em vão. Em havendo oportunidades favoráveis, elas reaparecerão”. São as profecias de Ellen White mais uma vez se cumprindo…
Quando a Sra. White condenou os ensinamentos defendidos por Elder Jones, previu que heresias semelhantes tentariam se infiltrar, de novo, na Igreja Adventista, no futuro, nos últimos dias da obra: “Foi-me mostrado que enganos como aqueles que fomos chamados a enfrentar nas primeiras experiências da mensagem, repetir-se-iam, e que teremos de enfrentá-los nos últimos dias da obra” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 28).
Tudo isso nos aponta o tempo solene em que estamos vivendo e o cuidado que devemos ter com a doutrina pura e verdadeira. “O trilho da verdade fica bem ao lado do trilho do erro, e ambos podem parecer ser um para as mentes que não são operadas pelo Espírito Santo” (Carta 211, 1903).
A necessidade de termos a mente operada pelo Espírito Santo é cada vez mais essencial. Infelizmente, muitos que tentam defender a doutrina pura contra os erros do perfeccionismo acabam por cair noutro extremo e embalar a igreja em seus pecados. Esse é, ao meu ver, o pior estrago proporcionado pela heresia perfeccionista. Em vez de se levantar uma igreja mais santa, aparece forte tendência de tornar a igreja mais “mundana”, mais amante do pecado, achando que está vivendo num período de “paz e segurança”.
“A classe que não se entristece por seu próprio declínio espiritual, nem chora sobre os pecados dos outros, será deixada sem o selo de Deus. [...] Assim, paz e segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão a voz como trombeta para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças, todos perecerão juntos. [...] A mortal letargia do mundo está paralisando vossos sentidos. O pecado já não vos parece repulsivo, porque estais cegados por Satanás. Os juízos de Deus dentro em breve serão derramados sobre a Terra. ‘Escapa-te por tua vida’ (Gn 19:17), eis a advertência dos anjos de Deus. Outras vozes se ouvem, dizendo: ‘Não vos impressioneis; não existe motivo para alarma especial.’ Os que, em Sião, se acham à vontade, clamam: ‘Paz e segurança!’ (1Ts 5:3), enquanto o Céu declara que está para vir sobre os transgressores rápida destruição. Os jovens, os frívolos, os amantes de prazeres, consideram essas advertências como fábulas vãs, e lhes volvem costas com um gracejo. Os pais inclinam-se a pensar que seus filhos vão muito bem, e todos continuam deixando o tempo. Assim foi ao ser destruído o mundo antigo, e quando Sodoma e Gomorra foram destruídas pelo fogo. Na véspera de sua destruição, as cidades da planície tumultuavam em prazeres. Ló foi ridicularizado por seus temores e advertências. Mas foram aqueles escarnecedores que pereceram nas chamas. Naquela mesma noite a porta da misericórdia foi para sempre cerrada para os ímpios, descuidosos habitantes de Sodoma” (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 65, 66, 75).
A atual heresia perfeccionista tem cumprido sua função satânica ao tornar a igreja pior do que é. Graças à heresia perfeccionista, muitos têm até medo de ser vegetarianos, de ler os livros de Ellen White ou de morar no campo. Todo o cenário já está em fase de conclusão para a grande sacudidura que ocorrerá na Igreja Adventista.
“A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela permanece, ao passo que os pecadores de Sião serão lançados fora no joeiramento – a palha separada do trigo precioso. É esse um transe terrível, não obstante importa que tenha lugar. Ninguém senão os que venceram pelo sangue do Cordeiro e a palavra de seu testemunho será encontrado com os leais e fiéis, sem mácula nem ruga de pecado, sem engano em sua boca. Precisamos despojar-nos de nossa própria justiça e revestir-nos da justiça de Cristo” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 380).
Meu apelo é para você, cristão adventista fiel.
“Passando em revista a nossa história, percorrendo todos os passos de nosso progresso até ao estado atual, posso dizer: ‘Louvado seja Deus!’ Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração por Cristo, e de confiança nEle como dirigente. Nada temos a recear no futuro, a não ser que nos esqueçamos do caminho pelo qual Deus nos tem conduzido” (A Igreja Remanescente, p. 27).
Não tenha medo! Deus continua a guiar Sua igreja, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, e continuará com ela até o fim. Louvado seja Deus!
(Vanderlei Ricken, formado em biblioteconomia pela UFSC, é bibliotecário no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, em Taquara, RS)
Fonte: www.criacionismo.com.br

Fonte: Novo Tempo

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